sábado, 10 de abril de 2010

Veemência

Beije-me. Mas como se fosse o último tocar de lábios. Como se depois fôssemos engolidos pelo tempo e afogados pela distância. Sinta-me. Mas como se fosse a saudade apertando o peito em uma tarde ociosa. Como se eu não estivesse mais aqui. Cheire-me. Como se jamais pudesse ter olfato novamente. Como se a fragrância pudesse ser encoberta pelo sabor. Devore-me. Como se não soubesse meu nome. Como se o amor pudesse ser embriagado pelo desejo. Abrace-me. Como se eu fosse escapar de você. Como se eu fosse sua oportunidade; e agora não solte nunca. Guarde-me sempre onde você me encontrou. Olhe-me. Como se eu fosse ficar preso em teus olhos. Como se tua memória fosse fraca. Ame-me. Como jamais amou alguém. Como se seu coração não coubesse. Como se não conseguisse dizer. Como se fosse o detalhe e ao mesmo tempo o essencial. Lembre-se agora. Mas como se nunca fosse esquecer-se.

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